Popularmente conhecida como pedra nos rins, a litíase renal ou cálculo renal, é uma das condições mais dolorosas que existem. Essa dor é resultado do acúmulo de massas sólidas no trato urinário. Sua ocorrência anual é de 130 casos, em média, para cada grupo de 100.000 pessoas, atingindo adultos na faixa dos 30 a 40 anos com mais frequência.
Os cálculos são mais conhecidos como pedras devido à sua formação, que é resultante da agregação de sais minerais presentes na urina. São quatro os tipos de cálculos renais, que se diferenciam de acordo com sua composição, formação e características principais. As pedras compostas por sais de cálcio são as mais comuns, mas também ocorrem casos de cálculos de cistina, ácido úrico ou estruvita – uma mistura de magnésio, amônia e fosfato.
Para entender como se formam, primeiro é importante entender o funcionamento dos rins.
O papel dos rins
O rim também é conhecido como o grande filtro do corpo humano. Contamos com um par deles e seu tamanho varia, podendo chegar a medir 2,5 cm. Eles são responsáveis por filtrar o sangue e, à medida em que participam da formação da urina, vão retendo elementos, como cálcio, ácido úrico e oxalato. Essa retenção e o acúmulo dessas moléculas podem ocasionar a formação de cristais ou massas sólidas que resultam nos ditos cálculos.
Existem alguns fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento desse quadro, desde alimentação inadequada até o próprio envelhecimento do organismo. Homens costumam ser mais acometidos – até três vezes mais. Histórico familiar, predisposição genética, dietas ricas em sódio, alta ingestão de alimentos ricos em cálcio e proteínas, obesidade, hipertensão e pouco líquido na dieta também aumentam as chances de litíase renal.
Principais causas e fatores de risco para pedra nos rins
Dentre as principais causas do surgimento dos cálculos renais está o excesso de substâncias, como cálcio, oxalato e ácido úrico, uma vez que são ricas em cristais que se agrupam e originam as pedras.
Alguns fatores de risco potencializam o desenvolvimento das pedras, como ingestão baixa de água, histórico familiar da doença, lesões renais, dietas à base de sódio e proteínas, obesidade, dentre outros.
Sintomas e diagnóstico da litíase
É possível que uma pessoa conviva com uma pedra no interior dos rins por anos e não perceba algo estranho e nem sinta dor. Porém, o cálculo pode causar obstrução e dilatação do sistema urinário, levando à dor aguda. Quando sintomático, o quadro geralmente é acompanhado de cólica renal aguda. Uma dor lombar intensa, unilateral, que pode irradiar para frente do abdômen e região genital.
Outros sintomas que podem aparecer são:
Dor intensa
Apesar de não ocorrer em todos os casos, trata-se do sintoma mais recorrente. A dor é extremamente forte, a ponto de deixar o indivíduo sem posição para repousar. A origem da dor é o deslocamento dos cálculos no sistema urinário.
Dor lombar unilateral
Além de ser intensa, a dor causada pela cólica de rins geralmente não se fixa em um local do corpo; ela se espalha por toda a região abdominal.
Náusea e vômito
São desencadeados, geralmente, pela dor causada pela movimentação dos cálculos. Diante da intensidade da dor, o corpo reage com o vômito.
Febre e calafrio
Se desencadeiam em decorrência tanto da dor intensa quanto de possível quadro de infecção urinária, tais sintomas podem acompanhar os cálculos renais. Qualquer febre requer cuidados médicos.
Dor ao urinar
Pode haver dor ao urinar, quando indivíduos acometidos geralmente relatam uma forte queimação no canal urinário, principalmente quando as pedras estão passando na uretra.
Aumento da frequência para urinar
Apesar da dor, a necessidade de urinar cresce substancialmente. Isso pode ocorrer, principalmente, se um cálculo adentrar a parte inferior do trato urinário ou em decorrência de alguma infecção.
Baixa quantidade de urina
O aumento na frequência para urinar não significa um aumento na quantidade de urina, muito pelo contrário. Nas crises causadas por pedras nos rins, pode haver bloqueio do fluxo urinário pelos cálculos.
Urina com mau cheiro
Durante as crises, a urina passa a ter um forte cheiro. Tal sintoma é causado por bactérias que se instalam no corpo, devido à infecção. Além disso, a coloração da urina geralmente fica mais escura.
Incidência de sangue na urina
Esse sintoma já pode significar um alto grau de gravidade da crise, uma vez que é desencadeado pela passagem das pedras através do canal do trato urinário, causando lesões no local. O sangue pode apresentar coloração vermelha, marrom ou rosa.
Vontade de evacuar
É um sintoma bem mais raro. Em alguns casos os indivíduos acometidos apresentaram maior necessidade de evacuar, mesmo sem haver eliminação de fezes.
Havendo evidências clínicas, especialmente a de dor intensa e sinais de sangue na urina, o cálculo renal pode ser diagnosticado e confirmado. Exames laboratoriais analisam a acidez e a presença de cristais ou infecção. Exames complementares, como raios-X do abdome, ultrassonografia ou tomografia computadorizada auxiliam na investigação mais profunda do tipo de cálculo e sua localização. A tomografia apresenta a vantagem de permitir melhor visualização da pedra, além de sua densidade.
Tratando a litíase
Durante as crises, costuma-se recomendar o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor. Para retirar os cálculos, existem procedimentos que visam fragmentá-los para facilitar a eliminação pela urina – a litotripsia. Outros procedimentos são a cirurgia percutânea ou endoscópica e a ureteroscopia. A cirurgia é feita por meio de uma incisão nas costas do paciente, de modo que o rim seja alcançado e o cálculo retirado após sua fragmentação. A ureteroscopia consiste na retirada das pedras localizadas no ureter.
Como qualquer doença, o tratamento da litíase renal deve considerar o caso específico de cada paciente. Ele pode variar de acordo com a localização, dureza e composição da pedra. Pode ser realizado desde a prescrição de medicamentos até intervenções cirúrgicas.
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